DESABAFO

De Regilene Rodrigues Neves

Escrevo para fugir da realidade

Minha solidão maior

Trás a tona minha criança

Meus medos cheios de cicatrizes

Se disfarçam na força de uma guerreira

Mas o campo de batalha

Fenecem os meus dias

Nos escombros...

Não reconheço a minha face

Somente uma alma

Tenta soprar as cinzas do meu peito

O coração ainda bate

Contraditório a minha dor

Que se esconde por trás de um sorriso

Disfarçado de lágrimas

Tento desesperadamente

Não me causar essa tristeza

Me apego a esta poesia

Que ouve em silêncio

Meu desabafo...

Por aqui um mundo

Que não conheceu outrora

Apegado a suas carências

Cresceu frágil e sensível como poeta...

Quem me dera não ser esse amontoado

De versos tristes que me afagam

Cheios de sentimentos

Que por vezes me tocam no meio da noite

Apertando meu corpo contra o peito

Suspirando um vazio

Que supera minha alegria de viver...

São momentos efêmeros

Que se juntam para escrever

Um lado triste que persiste sobreviver!

Quisera eu rasgar essa roupa de amor

Que veste a minha alma

Correr para rua lá fora

Sem ter medo da felicidade que me apavora

Porque ser feliz é um medo infantil

Que cresceu comigo

Me escondendo desde a infância

Das maldades dos adultos

Que em furtos da minha liberdade

Me aprisionaram dentro da realidade.

Hoje olho em volta de uma aparência e choro

Por esta covardia que me torna prisioneira

De um frasco de sentimentos

Que somente uma poesia ouve,

Mas que minha realidade nunca soube

Porque fingi pra mim mesma

Ser mais forte que uma criança tola amedrontada

E acabei disfarçando uma tristeza por anos a fora...

Em 25 de abril de 2009