O Próximo Trem

O banco da estação congela todo o pensamento

O inverno faz de mim um inconsolável refém

E enquanto os trilhos gemem de frio e sofrimento

Eu continuo esperando o próximo trem.

O céu de nuvens negras só atrapalha a respiração

O vazio do meu peito quase enforca a esperança

Na bagagem que eu carrego existe dor e ilusão

Existe uma fé como um vagão sem segurança.

As minhas mãos trêmulas não disfarçam a ansiedade

A paisagem nos meus olhos é cada vez mais hostil

O vento em movimento testa a minha fragilidade

Assombrando os instantes do meu tempo febril.

O medo do destino se transforma em ameaça

Nada tranqüiliza tanta angústia e desdém

E enquanto os trilhos gemem de fúria e pirraça

Eu continuo esperando o próximo trem.