O que restou de um amor...

São só palavras soltas que me ocorrem

sem coerência alguma, sem talento.

São letras, espalhadas pelo vento...

catadas, e ajuntadas... uma a uma,

escritas, entre as lágrimas que morrem.

Releio... frase a frase sem sentido,

pois me prendi a elas, nesta hora,

e os nobres sentimentos de outrora,

não me pertencem hoje, não são meus...

restou, o adeus tristonho, dolorido.

São frias, rasuradas, e tão feias,

as falas que me achegam, aos ouvidos,

e ao reproduzí-las, são zunidos,

nenhuma delas, é do meu querer,

são sonhos rabiscados nas areias.

E tudo só porque fiquei sozinho,

porque já não escrevo, sobre amor,

também não falo mais, do teu carinho,

e nada que era bom, de seu, ficou...

nas letras me embriago, como vinho.

Me resta esse vazio, essa distância,

de tudo que eu mais gostei um dia:

dos lábios, doce e ternos, na lembrança,

das noites que brinquei... de poesia.

Me resta preso, forte, intenso grito

um grito que sufoca a grande dor,

nas letras que rabisco, nada penso...

sinais, equivocados, ex-amor:

que um dia foi intenso e tão bonito.

E assim vou qualquer coisa rabiscando,

sem tino, sem saber o que vai dar,

apenas sei que falo, de um amar,

que agora é o mais puro desengano...

e sei que nunca mais irá voltar!!

Dete Acioli
Enviado por Dete Acioli em 10/07/2009
Reeditado em 24/02/2011
Código do texto: T1692166
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