ESTIAGEM
Guida Linhares
 
 
Longo caminho de estio,
onde não sinto mais o teu calor.
No inverno da alma,
ressecados galhos de sonhos,
se abraçam numa última tentativa,
de que surjam viçosos brotos,
que poderão florescer talvez quem sabe,
numa próxima primavera,
de um ano qualquer,
se ainda houver tempo.
Mas a esperança cansada
já não sente mais forças para vibrar,
diante da inclemência do tempo.
Tudo o que agora procura,
reflete um lugar de paz para morar,
aquietando o coração.
Contudo a caminhada ainda se faz longa,
e as árvores já não fazem sombra,
até mesmo porque o sol se mantém escondido,
sem a magia das cores do arrebol.
Quando acaba esta longa estiagem?
Quando nada mais houver para celebrar?
Quando o sopro de vida estiver por um fio,
e apenas as lembranças de um tempo feliz,
serão as companheiras a fecharem os nossos olhos,
para que talvez, possamos quem sabe, voltar a sonhar.
 
Santos/SP/Brasil