O silêncio de um anjo

No silêncio o perfume das rosas acentua-se e o canto dos pássaros se perpetua.

Os pensamentos se tornam intensos e a visão capta as cores contextuais com emoções viscerais.

A respiração desacelera, o corpo fica inerte e me ausento da terra por alguns instantes.

As borboletas são cristais caindo do céu e o vento soprando é a voz de Deus.

As lágrimas deslizam incontidas e as emoções descortinam meu ser despido.

Pasmo então nesse momento, no ardor da vida em meu silêncio e na voz do céu calam-se as vozes da terra.

Deixarei que morra em mim esse desejo de amar esses teus olhos enluarados de noites que se perderam em mágoas no oceano dos muitos amores.

Tua presença já não é a luz da minha vida... sinto que minha voz se perdeu dentro da tua e de cada gesto que foi meu.

As nódoas do passado hão de se apaziguar e tu despertarás para outra madrugada.

Não saberei se fui eu quem te acolheu, pois quando ouvi tua voz amorosa pensei sentir tua face junto a minha.

Irei possuir teu silêncio e partirei sozinho, sorrindo da dor de te perder pra sempre.

Levarei comigo todos os lamentos do mar, do vento, do céu e de todas as estrelas.

Tua voz ausente será eternizada no vôo da ave e na melancolia da tarde o pôr-do-sol abre suas matizes num mágico delírio.

Uma música melodiosa invade nossos cinco sentidos e se vai... bebo na fonte cristalina desse desejo que me embriaga a alma desolada e sozinha.

Desço o rio e deslizo mansamente nas águas paradas que prende o teu destino junto ao meu nessa viagem quase sem fim.

Fico respirando o cheiro bom da natureza, renascendo em tuas mãos sentidas... relembro-as ternas, macias e serenas, esmaecidas névoas de desespero, deixando morrer em mim esse amor para que outro amor aconteça.

Aramis
Enviado por Aramis em 05/08/2009
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