Depressão de um Anjo
Tudo o que era belo se transformou em um espinho cravado em meus olhos, em lágrimas de dor, em serpente venenosa, em febre que maltrata.
Das folhas secas, trituradas e curtidas se fizeram as minhas idéias.
Queima brasa lentamente e sem pressa... acomoda-te no metal.
Queima folha, passa a sua essência pela água... purifica-te.
As minhas visões são vozes cegas... é o forro de um caixão.
O meu caminho é escuro, é uma avenida de agonia, é poesia fria escrita por espectros que choram no luto do meu sorrir.
Sou um Anjo de Deus a procura de trilhas desertas, derramando clamor nas noites gélidas sem alcançar o calor ante a solidão que tortura a minha alma.
O meu pecado é perdoar-me, já não sei quem sou, não inocento as sombras lapidadas nas minhas mãos.
Sou um Anjo de Deus diante do pecado de não ter provado o sabor do mel... diante do descaso do ser amado num amor buscado com gosto de fel.
Condenso-me e passo pelo túnel rumo a uma nova atmosfera... rumo a um conforto eterno.
Oh, Pai ! Eu lhe peço... Dê um novo sentido a minha vida, Ajuda-me a renascer em meio a tantas mágoas e a esquecer as chagas em mim contidas.
Se meu destino é padecer afogado neste rio de lágrimas... subtraia esta minha vida já sem importância para esta humanidade.
Oh, meu Deus ! Eu sou Seu servo e seguidor e só peço a Sua luz para viver em paz, não neste mundo de provas e expiações, mas no mundo ao qual deixei para atender o pedido Seu.
Eu aqui estarei condenado pela dor a sofrer demais, por isso lhe peço Pai... Transforme as folhas queimadas em minha cama, em meu último conforto, em meu leito de morte.