Lamúrias de um Alguém [que queria ser ninguém]
Mais um novo alvorecer,
Dentre tantos outros os quais
Já tive a infelicidade de viver,
Surge e fere meus
Olhos de Morpheus
Essa luminosidade intensa
Traz para bem perto de mim
Um ódio tão imenso
Quanto o oceano,
E talvez até maior...
"Luciano! Levante!"
Diz a mulher que me cria,
Alimenta-me e e me sustenta
Eu lanço a ela um olhar
Cujo sentimento é belo, mas...
Eu infelizmente aceito
A ajuda por ela oferecida
Para em meu trono
Eu continuar a ficar
Como sempre...
Sim! Estou fadado a neste trono
Passar meus dias até a eternidade
Encontrar o fim tão esperado por mim
Lembro-me bem do dia
No qual eu fiquei
Paraplégico...
Foi um dia de sol,
Maldito seja ele,
Que eu estava caminhando na rua,
Maldita seja ela,
E escutei um som tão alto,
Maldito seja ele,
Que até hoje, meus ouvidos não são bons,
Malditos sejam eles,
E tal som era de um projétil,
Maldito seja ele,
Adentrando minha coluna...
Talvez por isso
Meu ódio pelo sol
Seja tão profundo...
...pena que a mulher
Que me cria, me alimenta
E me sustenta, não faz idéia
Do meu ódio por ela...
Meu ódio por ela é quase
Impossível de conter
Porque vejo nas entranhas das entrelinhas
Das palavras que ela diz a mim
Que ela se diverte por me ter assim...
Ela é sozinha, não tem amores,
Só a mim,
Ela não tem esperança,
Só tem a mim,
Ela não tem nada de valor,
Nem de valor sentimental,
Ela só tem a mim...
...espero um dia morrer,
E quero que nesse dia
Ela encontre alguém que possa andar...
...porque eu não posso...