Espelho da alma

Escureço,

Como brumas em uma longa madrugada de inverno

Anoiteço,

E gelo

Com o sopro dos mais impiedosos ventos.

Mergulho em uma atmosfera tão negra e cintilante

Como o santíssimo manto noturno

Banho-me inteira

Nesta lua nova de sangue

Como se eu fosse o princípio

E o fim carregasse comigo.

Involuntariamente, num devaneio mortal

Onde minha palidez

Inveja perigosamente

A grande rainha do céu.

Lindo, perfeito, cintilante

Como o início do precipício

Ou as primícias do inferno.

Absolutamente lindo

Como a tristeza da alma

E a agonia do cárcere.

Indizível garbo

Negrume celeste.