UTOPIA

Um dia pensei que podia

Construir com você a utopia

Onde luzes e ares seriam puros

Nossos desejos nada teriam de obscuros

Entre nós nada de portas a transpor

Ah! Ingênuo amor pueril

Quantas noites insones

Criando recados de amor

Situações que entrecruzassem nossos olhos

Nos limites da minha janela

Um horizonte circunscrito de estrelas

Quatro linhas restringem meu céu

Muitas pedras suprimem meus passos

Tento recriar a cada minuto

Partes e partes do seu rosto

Detalhes que trago escondidos

Diluídos, guardados no sangue

Sei que se não houver empenho

Logo me faltarão detalhes

Da sua figura os entalhes

Contornos e linhas se apagam

E eu então nada terei

Além de uma lembrança sem face