DOR
Dor que dói
Subjuga corpo e alma
Desafia a mansidão
Degenera a calma
Cúmplice de um nervo
Chamejante
Enleva sentimentos
Subtrai a seiva
Erigi sofrimentos
Ó dor dilacerante!
Foge de mim
Ser errante
Consente indulgência
A esse corpo lancinante.
Máquina servente
Nem sempre rutilante
Mas eficaz provisão
De um ser parente.
Esvoaça graça que veio a mim
Augúrio do que não sei definir
Suaviza a vida, dor doente
Transmigra, deixa-me sorrir!
Parece triste esse momento
Mas nele encontro alento
As letras acalentam-me
Trazem-me na dor, argumento.
Dor que dói
Dor que constrói
Um ponto no tempo
A transformar-me em herói.
Dor doída que dói...