Peito de pedra

Tento fugir do que não conheço

Soprando apenas numa vã aragem

Lembranças milenares... Miragem

Irreal de um tempo já partido

Jaz um celeste anjo decaído

No torpor do seu próprio desprezo

Quis ser trevas por própria escolha

Tomou pra si dorido calvário

Como se andasse sempre ao contrário

Apartado de tudo no exílio

Na alma o pesar do antigo idílio

Sonhos que o tempo sutil desfolha...

Num involuntário pensamento

Em mim assume novo desenho

Na alínea que tanto desdenho

No horizonte de um navio sem rumo

Na torpeza do vento assumo

No peito a dureza do cimento...

Joselito de Souza Bertoglio
Enviado por Joselito de Souza Bertoglio em 01/12/2009
Código do texto: T1955269
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