Zaranzar

Zaranzar

Sou homem de poucas e tristes palavras.

Fecho os enganos, calço minhas esporas,

monto na tristeza e me ponho nas léguas.

Sempre calado, distante com minhas idéias.

Ganhei a calma, perdi a hora, cresci na lida

Em busca do pouco fui inventando mundos.

Topei com gente do povo e homens graúdos

Cheios de cobre com seus cheiros de podre.

Trago no peito um escapulário afugentador

De vespas humanas e olho grande.

Não tenho posses, não tenho amores.

Me tenho por inteiro nas andanças.

Desoriento-me diante da falta de senso,

do olhar duvidoso de quem tem fome,

do que mata sem honra, dos meninos

e meninas malabaristas do asfalto.

Arrepio-me todo, encho-me em choros

se o vento da infância sopra lembranças.

Se a dor me toma o corpo, dou uma boa fungada

e parto, rumo aos meus desenganos.

Fátima Cerqueira
Enviado por Fátima Cerqueira em 23/07/2006
Código do texto: T199928