Zaranzar
Zaranzar
Sou homem de poucas e tristes palavras.
Fecho os enganos, calço minhas esporas,
monto na tristeza e me ponho nas léguas.
Sempre calado, distante com minhas idéias.
Ganhei a calma, perdi a hora, cresci na lida
Em busca do pouco fui inventando mundos.
Topei com gente do povo e homens graúdos
Cheios de cobre com seus cheiros de podre.
Trago no peito um escapulário afugentador
De vespas humanas e olho grande.
Não tenho posses, não tenho amores.
Me tenho por inteiro nas andanças.
Desoriento-me diante da falta de senso,
do olhar duvidoso de quem tem fome,
do que mata sem honra, dos meninos
e meninas malabaristas do asfalto.
Arrepio-me todo, encho-me em choros
se o vento da infância sopra lembranças.
Se a dor me toma o corpo, dou uma boa fungada
e parto, rumo aos meus desenganos.