Auto-Retrato
As nuvens são como um rosto que chora
É como o meu rosto
Que chora e faz brotar
As palavras incapazes de purificar
Os rios que saem de meus olhos,
A lava que sai de minhas veias,
A lividez que reflete de meu espírito.
Talvez eu esteja perdendo os segundos
Mas as horas já me perderam
Neste século das horas incertas
Das horas cegas e incorretas
Talvez eu esteja perdendo as pessoas
Mas a sociedade já me perdeu
Neste mar de hipocrisia
Aonde a verdade é uma grande mentira
Em que os arcanjos declaram o fim:
O fim do que não existiu
Eu não existira!
Mas o nada,
O NADA É TUDO!
Mas nunca fui tudo para alguém
Eu sempre fui o nada
E nada se converte
Em simples e singelas palavras
Num triste martírio entre o começo,
O meio e o fim.
Mas o fim, nunca existiu
O fim sempre foi o nada
Eu sempre fui o fim.
E o fim, comigo também acabara.