Camadas...

O vento soprava fino... O andar era corrido, solto... Quase não tinha atrito.
Eram a luz e os cabelos ao vento... Firmamento... Direção.
Molhados os pés e o corpo... Vestida de lua... Alimentada pelo sol.
Marcados os caminhos, na face delicada, somaram-se moinhos... Muito lenta cavalgada.
Rodava, em vidro... O caleidoscópio colorido...
Éramos todas... Era apenas uma...
Envolta em vidro transparente, criava as lascas que lhe adornaram o colo... Vivenciava cada ato... Espantada.
A janela, mesmo que abertas, não lhe diziam nada... Apenas o através delas encantava.
Passou depressa... Luz que cegava...
Andou... Correu... Virou estrela... Cascata de sentimentos... Encruzilhada.
O sol não amanheceu... A noite escondeu-se nas cortinas das vida... Foi emoldurada.
Olha-se, bem de mansinho, pelas frestas da casa encantada... E... Ainda se ouve o canto mais doce...
O vento parou, no dia da sua partida... O sol dançou em vasta rebeldia... A lua mexeu marés... Esbravejando, ficou o mar...
Tudo movimento...
Enquanto retiravam cada parte dos seus sonhos, ela não dizia nada... Apenas sorria... Apenas acordava.
E... Nos dias que se lançavam... Podaram-na as últimas migalhas...
Das cascas, fizeram várias camadas empilhadas...
Nua... Olhando firme para o chão... Agarrou a sua própria essência na concha das mãos...

07:25