Não tirem as vendas
Um dia me disseram que decepções eram normais
Que não podemos controlar o mundo
Que não podemos chegar à perfeição
Mas não acreditei
Fui vivendo num mundo de contos de fadas
Aquele mesmo mundo da princesa que eu criei
Vivi neste mundo até que a luz chegou
Não sei se foi a luz do Sol,
Ou se simplesmente abri os olhos pela primeira vez
Mas foi neste momento que vi:
O preto predominava
O branco não significava paz
E o azul que eu tanto gostava não existia
O cor-de-rosa do meu mundo?
Ah, este também não encontrei
E foi a verdade, crua e nua
Que passei a contemplar com grande pesar.
Aquele novo mundo me deixou fria
As lindas borboletas não me animavam mais
Os olhares perderam o sentido
Meus gestos não tinham razão
E a emoção deixou de ser.
Foi com mais desespero ainda que vi você
Vi teus passos indo em direção oposta à minha
Vi um adeus silencioso e uma grande distância entre nós
Senti as lágrimas pelo meu rosto
Senti toda a felicidade se esvaindo
E perdi a noção.
Foi como se o chão tivesse aberto
E meu mundo ficou ainda mais escuro
Perdi-me...
Ah, se pudesse saber o que aconteceu...
Se a venda em meus olhos tivesse permanecido...
Morreria por você também
Mas não senti veracidade desta vez
Perdi a confiança e não entendo o porquê
Não lembro nem ao menos o fez-me abrir os olhos
Nem quem foi que abriu as janelas
Foi triste.
É deprimente.
Mas haviam me dito que aconteceria
Agora posso ver a imperfeição
E frustro-me com minha incapacidade de controlar o mundo
Gostava mais do azul
E muito mais das borboletas
Não pedi para me tirarem as vendas
Amei por longo tempo meu mundo de conto de fadas.