Não tirem as vendas

Um dia me disseram que decepções eram normais

Que não podemos controlar o mundo

Que não podemos chegar à perfeição

Mas não acreditei

Fui vivendo num mundo de contos de fadas

Aquele mesmo mundo da princesa que eu criei

Vivi neste mundo até que a luz chegou

Não sei se foi a luz do Sol,

Ou se simplesmente abri os olhos pela primeira vez

Mas foi neste momento que vi:

O preto predominava

O branco não significava paz

E o azul que eu tanto gostava não existia

O cor-de-rosa do meu mundo?

Ah, este também não encontrei

E foi a verdade, crua e nua

Que passei a contemplar com grande pesar.

Aquele novo mundo me deixou fria

As lindas borboletas não me animavam mais

Os olhares perderam o sentido

Meus gestos não tinham razão

E a emoção deixou de ser.

Foi com mais desespero ainda que vi você

Vi teus passos indo em direção oposta à minha

Vi um adeus silencioso e uma grande distância entre nós

Senti as lágrimas pelo meu rosto

Senti toda a felicidade se esvaindo

E perdi a noção.

Foi como se o chão tivesse aberto

E meu mundo ficou ainda mais escuro

Perdi-me...

Ah, se pudesse saber o que aconteceu...

Se a venda em meus olhos tivesse permanecido...

Morreria por você também

Mas não senti veracidade desta vez

Perdi a confiança e não entendo o porquê

Não lembro nem ao menos o fez-me abrir os olhos

Nem quem foi que abriu as janelas

Foi triste.

É deprimente.

Mas haviam me dito que aconteceria

Agora posso ver a imperfeição

E frustro-me com minha incapacidade de controlar o mundo

Gostava mais do azul

E muito mais das borboletas

Não pedi para me tirarem as vendas

Amei por longo tempo meu mundo de conto de fadas.

Morgani Guzzo
Enviado por Morgani Guzzo em 13/09/2006
Código do texto: T238955