PALIDA AGONIA
Profunda dor meu pálido rosto inunda,
Mórbida langidez banha meus tristes olhos.
Ardem sem sono as pálpebras doloridas
Quanto sofro por ti e por seus encantos.
E seus encantos onde o amor se estende,
Nessa linda tez a cor de rosa.
Por ti sofro tanto e não entendes,
Este amor de fogo a beleza tão airosa.
Não faça do meu amor o teu eterno escravo,
Deixa-me sentir sua volúpia por um momento.
Eu lhe suplico apenas um leve sorriso,
E não continuarei com esse grande tormento.
O desalento é o que pressinto agora,
Pelas descrentes palavras que me disseste.
Se pretendi teus doces lábios em outrora,
Vida malfadada não os me concebeste.
Se agora padeço num longo soluço,
É por ti donzela! Que não me aceitou.
Por este infeliz sofredor que pareço,
Com amor seus olhos jamais me olhou.
Seu olhar incerto parece me desdenhar,
Procuro entender o que ele me diz.
Longa meditação e nada consigo captar,
E continuo a ser um lamentável infeliz.
Rogo a Deus para que voçe possa ouvir,
Meu canto funebre de amor desiludido.
Por mais uma agonia macabra em meu porvir,
Que corrói o meu amargurado coração ferido.
Em tantas noites tristes e vazias,
A minha solidão tenho enfrentado.
Sei que foi por esta louca sina em demasia,
E por este sentimento mal aventurado.
Lágrimas sinto agora deslizar,
Na minha pálida fronte ditosa.
Sinto o fogo nas pálpebras queimar,
Pela donzela tão meiga e formosa.
Trago nos solitários pensamentos,
Esta certeza de estar descrente.
Sem nada conseguir nestes tormentos,
Deste amor que queima tão ardente.
Se pretendi te-la sempre ao meu lado.
Agora sei que não passou de uma loucura,
Eu poderia ser seu eterno namorado.
Mas só me restou a dor de uma amargura.
É impossível amar; esta mão fatal,
Marcou na minha vida um destino.
Porque sou um poeta infeliz afinal,
Por não ter a donzela que tanto estimo.
Por ti longas horas passei poetando,
Por descrer da dor que está me partindo.
Por ti longas noites velei chorando,
Por ti nos sonhos morrerei sorrindo.