"MUNDO NEGRO"

Na ponta da caneta

crio certezas de que o vazio,

não me oculpa, nem a tristeza me mata.

Tento desenhar o sonho,

em preto e branco, tento rabiscar o sorriso,

de uma lágrima e criar um corpo diante

da sombra de meus dias.

Criei formas isoladas de mim,

fui o nada dentro de tudo,

fui a palavra perdida na boca

da inconsciência,

Fui piada estampada no trono sem rei.

Pintei quadros de lembranças mortas

desejos perdidos, dias cinzentos,

pegadas sem passos, sonhos em branco

olhares cegos de uma vida.

REGUEI SONHOS INERTES,

RASCUNHEI AS SAUDADES QUE ME

FIZERAM PERDER O QUE SOU,

FIS DE MIM BOCA SECA,

DESEJO EM CARNE MORTA,

SENTIDO SEM TATO, TOQUE SEM PRESENÇA,

FI Z DE MIM SENTENÇA.

CULPADO SOU.

E NAS ENTRELINHAS DE UMA VIDA SEM PÁGINAS,

CONTORNO O QUE DA MORTE ME SANTIFICA,

O QUE DA VIDA ME CONDENA,

O QUE REALMENTE FAZ DE MIM HUMANO.

E A CADA LÁGRIMA DE DESGOSTO E

REPROVAÇÃO DO MEU EU,

LAVO AS CINZAS QUE ME FIZERAM

E DEIXO SUMIR PERANTE MEUS PES

O FINO FIO QUE ME TORNA MORTAL.