UM HOMEN SÓ

Sou pobre sofrido

Não tenho ninguém

Sou assim definido

Menor que um vintém

Sou como a semente

Lançada no chão

Preciso somente

Um pouco de água

E um naco de pão

Sou pedra polida

Da beira do rio

De pele rachada

Nos dias mais frios

Rapando a panela

Roendo o caroço

É a triste mazela

É o fundo do poço

Mas que me importa

Se isto não faz sentido

Nessa vida tão torta

Nada é bem definido

Não preciso lógica

Nas coisas que faço

Se eu morro hoje

Amanhã renasço

Vera Lucia Trindade
Enviado por Vera Lucia Trindade em 20/09/2006
Reeditado em 16/10/2006
Código do texto: T244920