Carne Fina

Ensinaram-me a ter fé

Mas eu perdi minha paz.

Todas as cores se tornaram cinza

E do cinza ficaram pretas!

É tão amargo o gosto do medo

É tão triste meu eu entristecido

Estou como se eu fosse

Um corpo nu molhado

Cercado pela frieza da noite

E longe de uma cura!

Ser assim, que loucura!

Vagar pelos vales imundos

De pobreza e maus espíritos!

Sujar os pés, matar a alma

A cada passo errado

Em prol da felicidade!

Ao falar em ti, por onde andas?

Por que abandonas o meu ser acalentado?

Os meus olhos tristes, chorosos...

Cansados de tantas lágrimas

De tantos desencantos!

Por onde vou, pra onde olhar?

Se meus pés estão gastos

E meus olhos encharcados

Que me impedem de enxergar!

Já abandonei meu brilho

Meu tom sereno de voz

Já pedi que me levassem

Foice, porque não me rasgastes!?

Eu temo os seguintes dias

E a luta em vão pelo meu corpo inanimado!

Mas não salvem meu corpo

Salvem minha alma!

Essa vida que eu já não agüento

Esse mar de ilusões

Que me afogou em lástimas

Eu peço paz,

Sem saber até onde vou!

Eu quero as nuvens

Pra secar as lágrimas

E fazer chover a dor!

Livrar-me do mal!

E essas palavras

Cortam tão friamente o meu coração

E a dor presente..

Meu sorriso displicente

Engana o brilho mórbido

Finjo-me feliz

Na esperança de ser ao menos

Despreocupada!

Cecilia Mendes
Enviado por Cecilia Mendes em 01/10/2006
Código do texto: T253833