Pedras

Sou triste porque não tenho certezas

vivo noturnamente de dia

meus olhos embaçados de decepção

semblante de agonia

Um sorriso fatídico

uma lágrima enganosa

é tudo que tenho

Tenho também a morte

como única esperança

como meu horizonte

mas nem disso sou dono

Sou escravo do seu desejo

vivo esperando seu encontro

Flores amarelas

vidas amarelas

espero a morte biológica

pois sou como as pedras

sem vontade

com o destino incerto

paralisado

às vezes sendo chutado

sendo desgastado

pelas dores temporais

Me decomponho em pequenas partículas

até me tornar poeira.

Henrique Rodrigues Soares - Relicário das Dores