Aonde está Deus nesse momento!
Num lapso da mente, vagante
a lua minguante em mim chegou

recolhendo de meus olhos perdidos
que não mais percebem o rosto do céu,

transformando-se num véu de incertezas,
deformando o meu semblante

sem sonhos, sem ilusões,
onde apenas grandes equações
ficaram por decifrar.

Vi teu vulto desaparecer
e de mim desapegar numa estrada de nada.

A poeira, barreira pro meu olhar te procurar
mesmo que distante...
Muito mais a se distanciar.
Um hospício, um vício... Sei lá!

Meus olhos apedrejados do desencanto
sucumbem em lágrimas

e numa única pétala de flor
eternizada para não se cegarem

ao clamarem por ti; - Amor!
Enfiei-me em mim mesma a trabalhar o desapego,
mas esquartejada, ensanguentada,

nem mesmo senti a dor de um corpo
ou de grande picote grampeado ao passado

que me transformou no que sou:
- Um céu sem estrelas, um santo sem altar,

um ser retalhado esfarrapado
que precisa se refazer,

olhar novamente e ver o rosto do céu sem véu,
sem dor de amor.

Preciso voltar a ser Lua Cheia,
com tudo, perdi a lição da fé!

Já nem sei o que é pecado
procurando o que só em meu coração pode estar.

Guiando-me no ermo de um mundo obscuro
que criei dentro do meu perdido olhar,

encolho-me aturdida, dopada da esgrima
que veio me ceifar.

Ainda assim, sofrida fico a procurar...
Mas Deus! Onde Está?

Edna Fialho
edna fialho
Enviado por edna fialho em 08/02/2011
Reeditado em 24/07/2012
Código do texto: T2779600
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