Falando de (Dálias) e Outras Flores
Sorrisos-de-Maria, angélicas, e palmas-de-Santa Rita,
Rosas, cravos, e até jasmins, e bambu-chinês, e casuarinas,
Tudo são flores e folhas e amores...
Com flores, por flores, e entre folhas, e flores, e amores,
As( Dálias), ah!... (as Dálias)...
Que também são flores,
(seu cheiro são dores),
de morte até de amores...
Que nem Maria das dores
que sofre e canta os seus dissabores
nas esquinas da vida cheia de horrores
Falando de flores (Dálias), tristezas e dores,
Fala-se dos amores: jaguaracy, julieta, Ana, Você/minha menina, e outras flores...
Não é que tudo sejam amores, horrores e flores...
E falando de vida, e MORTE, e amores, e flores e horrores...
(as Dálias), para mim, são flores macabras...
Marcou-me aquele momento doído e triste de minha vida,
Quando da última e triste partida
exalava aquele cheiro de dor pelo interior da casa
e todo caminho por onde o corpo de minha mãe passava...
frio e gélido com destino ao cemitério...
Meu Santo Deus ainda hoje assisto ao filme...
Meu pai, louco e perdido atracava-se a um poste de iluminação pública
a gritar e chorar em confusão a inexplicação da morte...
E eu e os que lembro que lá estavam
extasiados assistíamos aquela cena dantesca de Tristeza, Loucura
e ADEUS...
Salvador, 03/09/1990.