Vácuo
Um vazio se fez presente
A certeza de tua ausência me fere
Tal qual um punhal afiado
A transpor meu peito
E a romper minha carne
O brilho de meus olhos cessou
Ofuscou-se a luz que os fazia reluzir...
Toda a graça perdeu-se
Toda a alegria desfaleceu
Toda a ânsia refreou-se...
E a inércia operou em minha vida.
Sinto-me injustiçada, depreciada, cruelmente roubada.
Difícil é admitir restringir-me ao caos
Que se operou com a tua recusa, com a tua fuga.
Percebo a fragilidade do fato,
A injustiça do ato,
A deslealdade das ocorrências.
Não se está diante de um relacionamento furtivo...
Não devemos fidelidade a ninguém
Somos livres,
E quem nos tolhe
Não deve ter o condão de nos balizar.
Por que, em verdade, não é possuidor de tal prerrogativa.
Dói saber que o distanciamento
Não decorre de uma vontade,
Mas de uma “imposição” emocional
Nascida face à presença de um terceiro.
-Por que não viver um momento desejado?
-Por que se limitar a só um instante, furtivo e questionado?
Agride-me todos os valores, excepcionalmente,
O meu direito à liberdade...
Esta, em lato sensu, em toda a sua amplitude...
E não se olvide dizer que esta liberdade
É um direito de fonte inesgotável,
Embasada num princípio louvável, irrefutável e irrefreável...
O DO SENTIMENTO, DO DESEJO, DA VONTADE.
Pior nisto tudo é ter que silenciar...
É aceitar, inerte, que se tire de você algo tão ímpar...
O direito de poder estar com quem se gosta, com quem se quer, verdadeiramente.
Sinto-me infeliz, diante de tudo isto!
Sinto-me tolhida e cruelmente prejudicada!