Entardecer

Nascemos todos os dias ao amanhecer,

Colecionamos trechos de uma história,

Somos filantelistas de pouca memória,

Que às vezes escolhemos, esquecer.

Somos caramujos disfarçados,

Possuímos uma concha invisível,

Onde nosso ser medroso e indivísivel,

Nos faz escolher sermos aprisionados.

A certeza de pisar em terra firme nos segura,

Impede a vontade de correr riscos acontecer,

A incerteza do novo amanhecer,

Um ultimato no habeas corpus da ternura.

E nisto, enquanto a comodidade nos prende.

Ficamos privados de um novo sabor,

Onde a segurança é maior que o amor,

Maior que a união de duas almas que se entendem.

Sozinha nada posso, me silencio.

Palavras lançadas viajam até você,

Respostas evasivas e reticentes aos meus "por quês".

É só no teclado que te acaricio.

Tenho medo que meu sol venha a fenecer,

Que as vontades continuem insatisfeitas,

Que desmorone esta sua lucidez perfeita,

No crepúsculo do meu entardecer.

Mary Rezende
Enviado por Mary Rezende em 21/03/2011
Código do texto: T2862671
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