CORAÇÃO SEM VIDA

O vento, lento e sempre,

É sangue, é água calma

Renova, atenta e persevera,

Na mata ingrata a alma.

Ante figura seduz declama,

Na ausência lágrimas derrama.

Seus pássaros protótipos,

Na mata, vigiam de cima,

Qual solene poeta

Ostenta admirável rima...

De amor fresca neblina

Ou sofrer mágica purpurina.

O fugir conduz ao esquecer

Sua alma, límpida donzela.

O ver outros braços aquecer

É força que leva a janela.

_ E o veneno? E a face amarela?

Preferiu a morte que viver sem ela.

Covarde! Grita sôfrego coração.

Ouve cérebro, réu de porte,

Assassino do coração poético

Ao decidir perder à sorte:

Declarar-se dono de amor forte

Ou desistir para encontrar a morte.

Já não bate o coração. Falta-lhe a vida.

José Carlos Santos
Enviado por José Carlos Santos em 19/11/2006
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