CORAÇÃO SEM VIDA
O vento, lento e sempre,
É sangue, é água calma
Renova, atenta e persevera,
Na mata ingrata a alma.
Ante figura seduz declama,
Na ausência lágrimas derrama.
Seus pássaros protótipos,
Na mata, vigiam de cima,
Qual solene poeta
Ostenta admirável rima...
De amor fresca neblina
Ou sofrer mágica purpurina.
O fugir conduz ao esquecer
Sua alma, límpida donzela.
O ver outros braços aquecer
É força que leva a janela.
_ E o veneno? E a face amarela?
Preferiu a morte que viver sem ela.
Covarde! Grita sôfrego coração.
Ouve cérebro, réu de porte,
Assassino do coração poético
Ao decidir perder à sorte:
Declarar-se dono de amor forte
Ou desistir para encontrar a morte.
Já não bate o coração. Falta-lhe a vida.