Eu, em mim...

Eu, em mim...

Eu tinha mais que a meia dúzia dos sonhos de hoje

E os gastava em horas infindáveis em cima da ponte:

Não dava peixe, mas os havia, em quantidade pífia

O sol era amarelo e parecia iluminar de outros tempos

Nunca me lembro de ter prometido não voltar

Era dos que vinham fazendo planos para a próxima volta

Meu time tinha sido campeão com pontos que davam para até hoje

Minha felicidade se resumia na promessa de não se desfazer das dos outros

Depois fui sendo menos feliz conquanto perdi os sonhos

E meu caminho menos claro no amarelo que amarelava menos

A ponte que dava para um mundo novo só separava as margens do rio

E meu caminho de volta foi ficando cava vez mais curto...

Passei a ter saudade do pássaro que habitava o meu passado

E que cantava dizendo que os dias calariam seu canto

Antes sonoro, travesso na inquietude de sons audíveis

Agora disposto no quadro da minha sala de estar

Procura-se uma alma que não precisa ter dono

E até que não seja de dono nenhum

A alma que não lembre, até esquecida

Mas que complete um pedaço de mim...

Marco Antônio de Paula Franco

Marco Antônio
Enviado por Marco Antônio em 25/11/2006
Código do texto: T301410