Anti-guerra colonial

Neste brasido de furor

ouço, em cada bala, a canção

dum morticínio em flor

Vejo, em cada arma, uma cruz

onde se apoia um inocente

quase desfeito em pus.

Sinto, em cada pedra que piso,

o esqueleto do herói varado:

estátua de homem-guizo.

Olho os milhares de espantalhos

marcialmente camuflados.

Lembram-me vis retalhos.

Vejo, num cume de hierarquias,

ciclópicos retalhadores

repartindo as fatias.

(Negrelos 07/11/1972)