Poema Agônico
(ACT I/O lamento)
Eis que de ti
não mereço uma migalha
E em meus suspiros tua presença
Como um dogma em minha vida...
...perpétuo, árduo.
Eis que sou,
Mais uma vitima de teu intento
Mas almejo essa desgraça
pois contento-me com teus restos
E assim atiro-me a própria dor.
(ACT II/ A Súplica)
Porque não me deixar penetrar-lhe a alma?
Prometo-lhe que ao amanhecer
Todo o cheiro pútrido do pecado
Terá desaparecido.
Despir-me-ei,
De minha máscara
e tu, de tuas vestes
E com a manta branda da noite
(cuidadosamente tocando minha pele quente, agora já arrepiada e úmida)
Facei de mim
apenas tua...
(ACT III/ A Contentação)
Eis então que esperarei
Guardando comigo
Toda essa luxúria, até o cair da noite
Pois me contento por assim apenas.
E mesmo sem tocá-lo
sinto-te em mim
devasso...
...intenso, sólido e muitas vezes severo.
Aguardo-te em minha dor.