Pensão

Quando saio

do Passado

onde moro,

pouco vejo.

O escuro

acostumou-me

às sombras.

Carrego o cheiro

dos antigos

salões

de uma das pensões

em que vivi.

As passadeiras

de borracha

dos longos corredores,

ladeam quartos

minúsculos,

ladeam vidas

minúsculas.

São inertes

as flores inodoras,

de plástico

sem auroras.

Choram tristes mulheres

espancadas

por trombonistas

dos bordéis do Cais.

Tristes homens,

abandonos verticais.

Feias crianças sujas,

são caladas na cínica

arte de se amesquinhar.

Cheiro do mofo,

cheiro do esquife.

Da perda,

da ausência.

Do Passado

que não desgruda.

Da dor que não muda.

De quem, nada mais

saúda.

O cheiro,

do novo pardieiro.