Visto da saudade

É novo o horizonte entreaberto

Comovo-me à noção de que existes,

Ó futuro, embora ingrato, enfim, correto

Em prol de lúgubres e mórbidas matrizes.

És, ao tempo, tempestade necessária —

A tempestade a acalentar a moda bucoangelical

Ao passo que, de minha torre, és escada

Em que se move algum deserto, embora incerto, teatral.

Exonera-me de meu presente tão inútil!

Confere o meu passado de batalhas

Aliado ao Sol do futuro de glórias.

Sem a natureza intangível, antes fútil,

Jamais ao luxo constritivo me apegava

Ao longo medo de deter o dom da História.

Dom... O tempo em meu peito se inflama,

Mostra minha idade

E que a vida pela vida agora clama

Sem que haja eterno visto da saudade.