Sina

Sinto-me imensamente só,

Disputando espaços da casa com insetos vagabundos

O corpo já não sente nada, só a alma calejada quer gritar a todo o mundo

Perdi a língua e a vontade, perdi o rumo da verdade

Há cegueira em meu caminho, nem os olhos do passarinho

Me deixam mais distraída

Subtraída, assim serei

De agora em diante

Boba da corte de qualquer rei

Que me engane com qualquer falso diamante

Enquanto em nada me encaixo venderei tudo que tenho

Pernas para os que precisam, eu as vendo com empenho

Para que em jogo de sedução seja o melhor o desempenho

Vendo braços pras carícias

Vendo abraços e delícias

Vendo ideias a qualquer custo

Vendo o colo, vendo o busto

Vendo até a dor aguda

Vendo até o que não muda

Vendo a sina, a rotina, minha alma de menina

Vendo tudo e me rendo

Pois desse mundo horrendo eu já não quero mais nada

Nada, nada, nada...

Janaina Cruz
Enviado por Janaina Cruz em 02/09/2011
Código do texto: T3196273
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