AMORES E AMORES



Eu vi aqui num quarto de hospital,
Na sua mais pura expressão, aquilo
Que se vê num quarto de motel: o amor,
Quase sempre, na mais pura confusão!

Aqui vi uma jovem senhora acariciando o marido,
Que, internado, apresentava um quadro sofrido:
Sonda na uretra, sonda no nariz por onde se alimentava,
De fraldão pois não continha as necessidades,...

Mas, a bela e jovem senhora passou o dia zelando
Por aquele que parecia ser seu bem mais precioso,...
Um frangalho humano que nem a presença dela sentia.

O amor dos motéis: corpos sarados, corpos perfumados,
Vozes firmes e sensuais, olhos brilhantes – olhos de amantes,
Corpos energizados, sorrisos e gargalhadas e muitas traições,
Desilusões, enganos, seres alucinados – quase desumanos,...

Realmente o ser humano é surpreendente – os surpreendentes,
Não aqueles que permanecem presos ao só “amor dos sorridentes”,
Mas esses que com abnegação, na hora da precisão – segura-nos a mão!




 
Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 04/10/2011
Código do texto: T3256414
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