Quisera eu

Eu queria ser de ferro

P'ra uma lágrima não escapar,

P'ra uma ferida não sangrar.

Quisera ser de um formato só,

Com mudança de peso não me preocupar,

Até menos produtos usar.

Queria ser bruta como a pedra,

Continuaria a ser lapidada,

Até desaparecer, assim

Sem sofrimento, sem dor,

Apenas evanescer.

Eu queria ser de metal,

Quando enferrujada, ter peça trocada.

Aquela peça traíra e desleal.

Quisera ser forte,

Ao olhos de alguns teria alma,

Mas combateria contra mim mesma, somente.

Contra a lata velha e inútil que mais tarde

Descobriria que sempre fui.

Eu queria ser algo apenas

Que nem mesmo houvesse mais "eus",

Nem escritos, Nem poesias,

Sequer fora um dia nostalgia, ou peça

De interesse para algo realmente de valor,

De encanto e simbologia.

E por fim, uma existência não registrada,

Uma poeira, que alguém cansada e extressada

Limparia para que a brisa quente a levasse embora

Para longe, para lugar algum.

Leka Marques
Enviado por Leka Marques em 13/11/2011
Código do texto: T3332585
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