Torrente

TORRENTE

É noite. A chuva cai abundantemente.

Há uma torrente, dentro de mim, a desabar

E um gosto de lágrima que prometi secar...

Tudo está em desalinho...

Todos os satélites estão a mim ligados...

Conheço a dor que me ronda...

Eu percebo as ondas...

Quero me banhar no amor que em mim jaz.

Preciso me virar do avesso para senti-lo

E me curar sob a sua ação benfazeja...

Preciso de pouco, muito pouco...

Uma presença... Um ouvido...

Uma música... Uma palavra...

Ainda não sei viver somente do meu alimento...

Preciso dançar essa harmonia junto...

A lágrima corre para escoar a represa...

A palavra explode como bomba atômica.

Sai para me salvar do amor que eu preciso

E se derrama no papel...

Deus me deu essa fonte... Eu a tenho...

É o instrumento que eu toco e que me toca.

Enquanto a palavra escoa eu me lavo

E ela me massageia com um abraço...

Eu senti o seu abraço de amor puro agora,

Suave e demoradamente...

Sem medo do que os outros iriam pensar.

Ou que nossos corpos tivessem órgãos sexuados.

Queria somente me transmitir calor e vida,

Eu abracei a sua alma inteira que o seu corpo abriga.

Eu não queria um abraço de braços apenas...

Joselma de Vasconcelos Mendes
Enviado por Joselma de Vasconcelos Mendes em 01/01/2007
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