Vejo você entre as flores

Vejo você entre as flores

Entremeadas entre a brutalidade urbana

E as luzes que costumo ver no fim do curso

São como chuva negra caídas

Após o calor de uma tarde cinzenta

Águas de uma vida simplificada

Desolada de cores vivas de sangue

Esvai-se em desespero

Anulam-se os meus atos

Numa sociedade pérfida

Sabendo que deles nada resta de puro

Nem compaixão, mas sobriedade

Exagerada em vídeos de imensa hipocrisia

Em um filme em preto e branco

Vejo você entre as flores

Agora não mais reais

Não são mais coloridas

Apenas representadas por nuances em cinza

O vermelho já não é mais vermelho

O verde já não parece vivo

Catástrofe anunciada gravada no tempo

Já não importa se é primavera ou verão

Sem serventia será o outono

Mas o inverno em tempo

Torna-se grandeza física

O fardo pesado de minha cobrança.

Ainda assim restou-me a visão sem cores

Mesmo que cinzenta e muito sombria

Sofrimento de poder ainda dizer:

Vejo você entre as flores

Davi El Brujo

21-11-2011

Davi El Brujo
Enviado por Davi El Brujo em 21/11/2011
Código do texto: T3348922
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