Violão perdido

Lá vem os quatro camaradas que atravessam a rua nas listras pintadas

No asfalto passo a passo bem espertos riem e conversam

Violões nas mãos completam o visual em frente ao quartel

Os generais da canção chegam sorrindo, chegam cantando em volta da praça vão se apresentando, vão se achegando, cheios de graça

E são umas graças, simpatias estampadas de patentes da alma

Com a garrafa do conhaque do bom, um ali e aqui que beija, que abraça, trazendo um novo som

As músicas da jovem que aguarda e guarda na bolsa o batom

Alegrias de graça pras pessoas de qualquer tom

A noite vara a madrugada e o homem da lei pára e pede que pare

Placa de pare na esquina alegre, cantoria mais baixo "sangue bom"

Ali à frente tem outro motivo pra cantar, tem gente a esperar

Chegamos todos com o 'laiálaiá' e todos cantam, sorriem, fotos que vão se revelar samba no pé, coração pra amar

Toma a vida, meu amigo, lavante-se, vem comigo!

Fica aí não, aí não é o seu lugar

Quer tocar meu violão?

Esquenta não, noite dessas vamos voltar

Aonde vamos terminar pra ver o dia raiar?

Tem varanda liberada de vista gelada, janela quadrada o sol redondo não vai entrar

Ali estamos, tabuleiro de xadrez, somos oito peças perdidas

Perdemos o violão, talvez!

Erika Soares
Enviado por Erika Soares em 27/11/2011
Reeditado em 20/04/2015
Código do texto: T3358609
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