CORPO - ENTREGA - ESCURIDÃO

Cinzas úmidas de fevereiro,
Escorrem em meu corpo inteiro,
Folias, desfiles, avenidas,
Nada disso, desperta a colombina,
Que habita em mim, porventura,
Escondi aquela menina,
Que transmitia a ternura,
Me sinto indefinida, perdida,
Em meio ao um nevoeiro,
Sem ontem, sem hoje, sem amanhã,
Sem o prenúncio de qualquer esplendor,
Me sinto uma guardiã,
Que perdeu a guarda do amor,
E nada que eu faça, realça,
Me faz retomar a graça,
Iluminar as retinas,
Nada faz a alma encontra a si,
Pois, você não está aqui,
Para me tirar dessa cor baça,
E na sua ausência,
A angústia é permanência,
Tudo é mudo, é um vão,
Corpo - entrega - escuridão.


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DESOLAÇÃO

 Em meio ao nevoeiro
deste mês de fevereiro,
eu me perco - náu sem rumo,
ando à deriva, sem prumo,
sem saber do que foi ontem,
mal enxergo o amanhã.
O horizonte atrás dos montes
não me situa e a lua
nas nuvens desaparece,
não escuta as minhas preces,
nada adianta que eu chore,
que por sua luz eu implore
-esperança muda e vã.
Perdi-me de mim e comigo,
já não possuo um amigo,
que me ampare, me guarde,
que me proteja dos ventos
e, até, dos pensamentos
a me embaçarem a retina,
pobre triste Colombina,
perdeu todo o seu afã.
Ausência de todos, de tudo,
ó mundo imenso, tão mudo...
Onde estás estrela minha?
tu eras tudo o que eu tinha,
te procuro, só escuro...
Estrela de Aldebarã!

(HLuna)