LAMENTO

No silêncio da noite sombria

Nesse vazio em forma de breu

Meu coração segue errante

Entoando lamentos, insólito orfeu

Sinto pena do amor maltratado

Afogado em um mar de tormenta

Agonizando de tanta saudade

Que a avidez dessa dor alimenta

Sinto pena de você

Sempre tão indiferente

Da aridez de teu coração

Pena de sua alma vadia

Encarcerada na solidão

Me dá pena sua mesquinhez

Da verdade que tenta esconder

Pena da sua covardia.

Do egoísmo marcado pela estupidez

Sinto pena, muita pena

Dessa pena que você me dá

Sinto pena do medo que brilha no olhar

Da amargura do pranto contido

Da ilusão confiscada pela insensatez

Do amor que se foi sem nunca ter sido

Sinto pena de minh`alma cativa

Embalada nessa elegia

Que de tanto penar amiúde

Sucumbiu na melancolia

Sinto pena do sonho perdido

Arrastado nas asas do vento

Muita pena da vida que manca

No compasso arrastado do tempo

Tenho pena da alegria esquecida

Da tristeza que roubou-me a quimera

Tenho pena de tanto sofrimento

Das mazelas do destino

Que com tanto desatino

Acabou por transformar

A poesia em lamento.

BETH LUCCHESI
Enviado por BETH LUCCHESI em 26/02/2012
Código do texto: T3520937
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