ESQUECER? JAMAIS

Não há um botãozinho aonde podemos simplesmente desligar

Não há

Não há um apagador gigante capaz de apagar

Têm coisas que sempre vamos recordar

Teu beijo?

Tinha um gosto inenarrável

Ia além do explicável

Tuas mãos?

Pareciam feitas de seda pura

E eu era uma simples criatura

Viajávamos nos tempos entre o “ontem” e o “quem sabe um dia”

Disso eu fazia poesia

Mas doía

Causava-me atrozes dores

Como nos matam os amores!

Era como se uma ave de rapina todos os dias viesse furar meu coração

Necessitava esta dor ocultar

Precisava sorrir e quando me vinha vontade de chorar enterrava o rosto no travesseiro

Ali naquele choro sufocado existia um mundo inteiro

Um mundo de amor, de dor, de desencontro

Até que o “quem sabe” deixou de existir

O ontem foi ficando distante

Tão distante que eu nem sabia mais o que fazer com ele

Pensei

Agora será fácil esquecer

Foi um equívoco

Esquecer jamais

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 13/03/2012
Código do texto: T3552029
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