Naquela noite sem você

Cortei-me em pedaços

e retalhei meus sonhos.

Nem mesmo o que restou foi tão puro quanto à inocência dos meus delírios.

Feri-me com teus pensamentos

e em trevas sucumbi.

Estirei-me por calçadas

e nem sei como resisti.

Fingi estar bem quando o suor frio me embebedava a alma

E fingi outra vez... tantas vezes...

Até que a face maltratada desses dias lúcidos traçou minha condenação.

Cravei em meu peito a saudade da pureza juvenil...

Minha maldição...

Vinguei-me da alegria,

e por coincidência ou ironia

fiz-me covarde buscando abrigos.

Resguardei-me em teus lábios, no teu abraço.

E na audácia dos meus vinte e poucos anos enfrentei o desfiladeiro,

Procurei o fim de tudo

E apenas encontrei o início do precipício.

Quero um pouco mais de tudo,

Mas tenho medo de querer demais...

Com tantas glórias e um pouco de insanidade,

que na falida verdade,

o que me faltou foi coragem.

21/07/1997 (Cem dias antes de morrer – O diário de um suicida)