NOTÍVAGA SOLIDÃO

Hoje estou perdido em tua noite

Qual cisne negro por teu ser alado

Cuido de teu sono em minha insônia

Colhendo o orvalho dessa madrugada

Para regar esse intempestivo jardim

Onde bebo de tua florescência

Pois de tua relva farei meu cálice

Pinto de tua cor todas as estrelas

E apunhalo o medo que me invade

Tentando não sonhar em perder-te

Caminho na escuridão dessa noite

Em busca de teu idílico alvorecer

E no caminho planto rosas noturnas

Para o prazer de borboletas notívagas

Ao longe o brilho de teu sonífero olhar

Guia-me por caminhos desconcertantes

Onde abismos dormem sob meus pés

E no prelúdio desse amanhã lhe chamo

Com palavras formadas pelo silêncio

Onde silencio todos meus fantasmas

E corro para tua presença intangível

Nesse momento da mais pura solidão

À noite não me é amiga ou inimiga

Talvez apenas testemunha incauta

Que não sabe o que carrego em mim

Este sol inebriante de teus lindos dias

A fazer-me a cada dia mais e mais teu

Assim guardo-lhe nessa tua noite

Até que o dia o orvalho evapore

Transformando sonhos em realidade

E a realidade é uma centelha desses dias

Em que eu possa amar-te diuturnamente

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