V I S Õ E S . .

Não tenho tempo

para lamúrias,

nem para maldades,

mentiras e injúrias;

ou para o estupor

de minha mente assustada...

E se choro,

eu o faço não por mim,

mas pelo objeto

de minha tortura;

do sofrimento impingido

a quem não tem defesa...

Sou, apenas,

um paladino de sentimentos;

talvez o mais simples,

talvez o mais candente,

ou daquele que nos toca

e nos tange rente à terra,

murmurando algo aos ouvidos,

com seus lábios sedutores e quentes...

Sou o guardião singelo de gentes,

que se ajoelham

e oram sofridas,

que se dobram,

sob chicotadas desferidas...

ardem de dor...

mas só querem amar...

Nosso coração

não carece de escolhas,

mas aponta hirto e decidido,

louco e aflito

para o seu alvo e destino...

E quando a gente se apaixona,

deixa a frágil velhice

e vira um ágil menino,

que pula, salta e rodopia

em torno de seu próprio eixo.

Acorda, madrugada dessas,

no entanto,

e não percebe

que não pertence mais

a esta vida;

livrou-se, afinal,

da forma dolorida --

onde nem o tempo sabe

o tempo que o tempo tem --

pra "viver",

a verdadeira dimensão,

a dimensão infinita...

onde a maldade...finalmente

não tem mais sentido!

(Tadeu Paulo, em 24/08/06).