Fim Nosso de Cada Dia
Quando avistei as tuas janelas
De pronto, sussurrei os teus lamentos.
Reproduzir, sem foco, os teus pertinentes pleitos.
E foi em transe que me apropriei de tuas falas
Diretas, secas e fortes.
Teu pranto lavou minha alma
Varreu o meu ego
Agrupou os meus resíduos
Num canto qualquer de minha pequena dispensa
E impregnou-me de seus sinceros interesses.
Arderam em mim as nossas ausências
E como um espelho abandonado
Senti falta de mim mesmo
Por encontrar o ponto certo
Onde o ponteiro de nossas horas se desencontrou
Por saber, sem desvios
Em qual cruzamento me perdi de nós dois.
E agora, perdido
Sou apenas parte,
Sou eu meio
Repleto desse fim
Dia após dia.