Reticências
Brilha o corpo no amanhecer,
Gotas de orvalho em teia de aranha,
Como três pontos que antecedem,
Um amor possível ou impossível,
Nunca acontecido.
Parte se desloca pelo infinito
Outra se entrega ao acaso,
No brilho do corpo ao anoitecer,
Refletindo a prata azul desse luar,
Como desencontro do que já foi unido.
Perde-se assim a razão de ter razão,
Remendo de desejos perdidos na emoção.
Recomeça o triste canto,
De um rouxinol preso,
Ao meio céu que se escurece.
É caminho,
É talvez,
Um adeus,
Qualquer dia,
Nunca mais.
Jaak Bosmans