A Orquestra do Titanic

Recordo que tinha um coração

Alérgico aos polens

A morte não existia

Éramos extremamente jovens.

Verões sem deveres

E as promoções do outono nas janelas

Sempre houve duas mulheres

A casta do meu povoado e a Suzana.

E quando comecei a rodar

Com meu violão cantos de sereia

Imaginava um mar

Onde morrem o Tajo, o Rhin, o Sena

Zarpo o vapor por fim

Fugindo da semeadura e da ceifa

Se parecia a mim

O clandestino oculto no porão.

Ai, ai, ai, ai

No salão a orquestra está tocando um fox

Uma canção que com neblina desliza

Até a sentina do vapor

Até que se inundou de sal

O diapasão do violoncelo

A orquestra do Titanic não deixou de tocar

O Fox dos afogados sem consolo.

Do lado de estibordo um iceberg

Rompeu, maldita seja.

Meu postal de New York o ritmo de

As luas e as marés

A bússola perdeu o norte, o sul, o este e o oeste

Pela metade ficou a comunicação que dava o capelão

Em plena sem razão um brigadeiro

De gravata de seda

lhe deu um bofetão à sua mulher

E salve-se quem pode!

gritava o capitão

As crianças e as damas vão primeiro

Os magnatas de trás, que não pare a orquestra, cavalheiro

Ai, ai, ai, ai

No salão a orquestra continua tocando o fox

Ai, ai, ai, ai

se afogou o clarinete falador

ficou sozinho o solo do violino

Até que se inundou de sal

O diapasão do violoncelo

A Orquestra do Titanic não deixou de tocar

O Fox dos afogados sem consolo.

Joaquin
Enviado por Joaquin em 24/08/2012
Código do texto: T3846510
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