LIXÕES

Nossos resíduos que repelimos,

Escórias que nos livramos,

Por medos de contágios,

Ou da doença perigosa,

São para eles perfumes,

E para nós mau cheiro que incomoda.

Arremedos de homens com roupas sujas,

Mulheres com vaidades machucadas,

Crianças que não sabem nem sorrir,

São, no entanto, os acolhedores,

Dos alimentos que jogamos fora,

Por nossos desperdícios.

Eles buscam nossos resíduos,

O que não presta, restos, só restos,

Contaminados, sujos, escórias,

Mas que atenuam suas fomes.

Pisam em excrementos, afugentam as moscas,

Repartem com urubus sedentes os pedaços,

Da carne putrefata que deixamos as sobras.

Disputam restos que o açougue jogou fora,

E peixes que as peixarias deixariam de vender,

Até frutas podres que desprezamos.

Por estarem com bactérias que causam distúrbios,

Que podem até matar pelos seus descuidos,

São para eles em suas fomes desvairadas,

Alimentos como se fossem as melhores iguarias.

21-09-2012