Sem hipocrisia

O ser humano é sujo

Eu sou suja e você também

Em um mundo onde a mentira diz amém

E o ser vivo nessa sujidade assassina sentimentos puros

Em sinceridade não há como negar

O mar de decepções em que navegamos

É imundo, sem honestidade e sem parar

Nossa raça sabe onde erramos

Não escrevo essas linhas com lágrimas nos olhos

Antes, com um sorriso frouxo no canto dos lábios

Por pensar nas muitas travas nos ferrolhos

Da alma de cada um de nós que é mesquinha, egoísta e atroz

Somos condicionados pelo meio

O mundo não é justo e nos acostumamos rápido com isso

Conseguimos zombar do outro sem achar feio

O féu que mancha de verde nosso queixo sem compromisso

Rimos das atrocidades

Não denunciamos a mentira

Somos cúmplices de todas as mediocridades

E engolimos todas as palavras duras para mastigá-las e cuspí-las com ira

Somos cobertos pelo lodo da escravidão

Das palavras que proferimos com ódio e rancor

Estamos na inércia da profundidade da podridão

Dos mortos que enterramos sem pavor