ESSE AMOR

Persiste no meio da insensatez

Resiste flutuando no escuro

Num espaço translúcido e quase infinito

Por mais que o envolva a desfaçatez

Sobrevive a olhares transversos

A todos os versos que se voltam pra baixo

Apesar de tudo subsiste

Como um sobrevivente

Nega-se a pisar no fundo

Flutua

Defende-se das indiferenças

Convive com outras crenças

Oguns e Madres Teresas

Pensei não perdurar

No entanto, é sólido, mítico, ávido

Monoliticamente opõe-se aos atritos

Aos desgastes e as intempéries

Fica ali imóvel como na Odisseia

Aguardando ser decifrado

Velado e adorado como Abraão

Adiando a existência por infinitos sóis