Cercanias cercadas

As cercas estão caindo,

Os arames corroídos pela ferrugem

Lançam – se ao chão

Cortando o couro do pobre animal.

Os mourões racham a olhos vistos

A velha porteira desprega de seu batente

E as dobradiças já cantam a velha canção

Do tempo...

Alguém meu Deus para impedir isto?

Onde será que está?

Onde passou tanto tempo a esperar

A situação nesse nível chegar?

Talvez não precise de reparos imediatos

É necessária substituição total

De toda cercania,

De todas as porteiras...

Durante muito tempo fora usada sem descanso,

Ao ponto de ruir

E não ter uma alma sequer a se importar,

Com aquela velha porteira...

As coisas funcionam assim

Enquanto o rangido dela não doía aos ouvidos

E sua resposta era rápida

Sempre tinha alguém a se importar.

Hoje abandona a velha porteira

Não aparta, não fecha,

Não segura mais ninguém,

Restaram apenas as marcas dos coices

Em suas madeiras...