A FORÇA DA DOR

Preciso me entregar à vida, alegrar as retinas,
Fluir... acordar a cândida menina,
Que habita o meu universo interior.

Preciso não estar assim, como estou,
Como uma alvorada que se afogou,
Em um rio agitado, cansado, sem cor.

Preciso movimentar - inventar utopias.
Para ver se me alivio, preencho o vazio dos dias,
Com o encanto de um amor eternizado.

Preciso mas, não faço absolutamente nada.
Fico em mim mesma, guardada,
Em meu desencanto, no pranto não derramado.

Sentindo a força da dor, o espírito triste, pesado.


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EU PRECISO...

Preciso olhar com outros olhos, a vida
Sair do marasmo, esquecer a partida
Daqueles que amei - eu preciso me ter...


Preciso fixar o azul do horizonte
Encontrar saída, escalar o monte,
E buscar em mim a alegria de ser...


Preciso me amar (muito mais do que eu amo)
Encontrar eco no pouco que te chamo
Uma vez que tu não me ouves, se falo...


Preciso saber logo notícias tuas.
Se tens um abrigo ou se dormes nas ruas
Enquanto na tua saudade eu me calo...


Preciso saber que tristeza eu exalo...

(Milla Pereira)